resposta ao #Não OcupeSemSaber, de BatidaSalve-todos
primeira coisa é que, movimento por discussão política é sempre bom. você leu o projeto do novo recife antes de decidir não ir ocupar o cais. massa! muitas das pessoas que estão lá, ocupam o espaço para lembrar que a cidade deveria ter lido o projeto antes de ele ter sido aprovado. a cidade é de seus moradores, que devem ser informados e ter a possibilidade de discutir seus projetos (sejam do novo recife ou de viadutos, centros de compra ou parques quaisquer). concordo contigo, de que precisamos saber das coisas antes de protestar por elas. e é justamente isso que boa parte dos que ocupam o cais nesse dia pedem: abertura, transparência e participação!
não é um ato simplesmente contra o projeto novo recife, muito menos contra a moura dubeux (seu reducionismo neste post foi bem mais grave que aquele dos cartazes que criticam a construtora). é um ato pela possibilidade de discutir e participar do desenvolvimento da sua cidade.
e isso já é uma vitória! como foi a presença de muitos em audiências e debates públicos que discutiram esses e outros projetos urbanísticos do recife. mais uma vez, lindo!
e sim, moramos em prédios, temos iphones, dirigimos nossos próprios carros e temos bom gosto musical, vamos ao show de paul mccartney. não é por isso que precisamos ser apáticos às discussões. essa não é uma batalha de diretia conta esquerda, ou um não ao capitalismo. não. em princípio, não somos contra a moura dubeux, ou qualquer outra empreiteira ou construtora. não somos contra o desenvolvimento ou o concreto (por si sós).
mas há tempos o mundo percebeu que o desenvolvimento – como qualquer outra coisa desse mundo – não é bom em si mesmo, nem feito de qualquer forma. indústrias são positivas, geram renda e emprego, mas causam poluição. concreto permite ampliar a quantidade e qualidade das habitações, mas gera aquecimento, limita a circulação de ar e a circulação de pessoas.
não conheço dubai ou nova york. mas é visível que são paulo sofre os efeitos de seu “desenvolvimento”. trânstito, falta de qualidade do ar, e de vida, alagamento a cada chuva. já s efalou emd errubar o minhocão – um dos antigos exemplos de seu desenvolvimento viário. bem o assim chamado desenvolvimento urbano está sendo repensado. vamos seguir um modelo antigo, que em muitos lugares se pensa e corrigir? ou podemos, desde já, propor o novo? pensar um desenvolvimento menos agressivo?
tentemos fazer o exercício de não imaginar o recife em comparação a qualquer cidade do mundo. pensemos o recife como um exemplo único de cidade! criemos o recife! projetemo-lo! sejamos nós o exemplo a que outras cidades se comparem!
eu tinha mais coisas para comentar, mas vou concluir com um último ponto: não vou te responder onde estávamos há 300 anos. mas há 30, eu, por exemplo, nem era nascido. veja quantos dos ocupantes estão nessa faixa-etária. as gerações mudam e com ela as formas de se relacionar com a cidade. que lindo que o recife tem, novamente, pessoas que ocupam seus espaços públicos, que querem vê-los atender às demandas da cidade como um todo. e voltar a viver essa cidade. vivamos um novo recife – OUTRO NOVO RECIFE É POSSÍVEL!